sábado, 3 de outubro de 2009

Robert Hooke

Robert Hooke foi uma importante personalidade do meio científico do século XVII. Vivendo as conseqüências dos valores renascentistas na Europa, esta personagem histórica tem uma trajetória bastante curiosa no campo do conhecimento. Nascido em 18 de julho de 1635, Hooke era uma criança de saúde frágil e atormentada por doenças que acompanharam toda a sua vida. Entretanto, a falta de vigor físico parece ter sido compensada por um espírito profundamente investigativo.

Quando jovem tentou ingressar no mundo das artes ao tornar-se aprendiz de Sir Peter Leiy, um artista pertencente à corte real. Durante o breve período em que teve contato com Sir Peter, o jovem desenvolveu e aprimorou sua habilidade de desenho. Infelizmente, os tempos de aprendizado com o artista real foram interrompidos pelas fortes dores de cabeça causadas pelo forte cheiro das tintas a óleo. O fim desse primeiro tempo de estudos foi logo seguido pelo seu ingresso na Westminster School.

O período em que passou nesta instituição foi de grande proveito para que os horizontes de seu conhecimento se ampliassem com o domínio do grego e do latim. Na Westminster School o jovem Hooke consolidou uma importante amizade com Dr. Busby, reitor da instituição. Quando atingiu os dezoito anos de idade, Hooke decidiu ingressar na Universidade de Oxford. A falta de recursos para custear sua carreira científica o obrigou a aceitar colocações distantes das capacidades do jovem intelectual.

Um dia Hooke conseguiu trabalhar como assistente do cientista Robert Boyle. Foi nessa época que os primeiros trabalhos do jovem se iniciaram junto a um novo campo que se desenvolvia: a ciência experimental. Na casa de Boyle aconteciam entusiasmadas reuniões entre estudiosos. A constante troca de saber permitiu que Hooke criasse seu primeiro invento: uma bomba de ar. O aparelho desenvolvido permitiu que Boyle desenvolvesse a lei física que relaciona a pressão e o volume dos gases.

O mesmo invento ainda permitiu que Denis Papin, outro assistente no laboratório de Boyle, viabilizasse a criação da primeira panela de pressão com válvula de segurança. No ano de 1661, Roberto Hooke publicou o seu primeiro trabalho científico que tratava da tensão superficial dos líquidos e da tensão dos líquidos em tubos capilares. Logo depois, promoveu alguns experimentos que vieram a aperfeiçoar a contagem do tempo nos relógios de pulso.

Esse último invento acabou não sendo atribuído a genialidade de Hooke. Desorganizado ao registro de patente de suas próprias descobertas, o cientista acabou perdendo os créditos para um cientista holandês chamado Christian Huygens. No ano de 1665, publicou a obra “Micrographia”, onde desenvolveu estudos sobre Microbiologia tão importantes quanto os de grandes nomes como Leeuwenhoek, Malpighi e Nehemiah Grew.

“Micrographia” era uma obra de extrema peculiaridade onde se encontravam postulados sobre o estudo de organismos vivos e, ao mesmo tempo, descrevia a eficácia de alguns instrumentos criados para o desenvolvimento de pesquisas laboratoriais. As mesmas páginas que descreviam estruturas de aves e insetos, também se destacavam pela construção de um microscópio móvel e outros diversos instrumentos laboratoriais de medição e leitura. Em parte do livro, o autor ainda trabalha com um primeiro conceito de célula ao descrever a estrutura constitutiva de uma cortiça.

A Astronomia também foi alvo da dedicação de Hooke, quando o mesmo estudou os efeitos da refração da luz de outros corpos terrestres na Terra e elaborou uma teoria sobre a origem das crateras na Lua. Em 1666, um grande incêndio que assolou a cidade de Londres deu oportunidade para que Hooke demonstrasse suas habilidades como arquiteto. Ao lado de Christopher Wren, supervisionou a reconstrução da cidade com um novo traçado que, anos depois, inspirou a construção de Washington e Nova York.

Entre 1674 e 1676, Robert Hooke publicou obras onde reconsiderava as teses do astrônomo Hevellius, observava as paralaxes das estrelas e a construção de um telescópio móvel. No ano de 1678, publicou “Leituras de Potentia Restitutiva” e estabeleceu uma lei física onde provou que a força de tensão é proporcional à força de deslocamento. Esta lei ficou conhecida como a Lei de Hooke. Anos mais tarde, o sucesso de sua carreira acadêmica lhe rendeu o cargo de Secretário da Royal Society.

Nesse período, Hooke começou a empreender uma intensa e conflituosa troca de correspondências com Isaac Newton. Em meio a várias brigas, Robert Hooke questionou Newton sobre seus mais recentes estudos: a teoria gravitacional e a atração gravitacional entre os corpos celestes. Sem obter respostas de Isaac Newton, Hooke indicou caminhos fundamentais para que o “pai da Física Moderna” desenvolvesse estudos sobre a compreensão do sistema solar.

Quando Isaac Newton publicou em “Principia”, Hooke viu que o colega de profissão não havia feito nenhuma citação sobre as suas contribuições. Indignado com a injustiça cometida por Newton, o ofendido cientista realizou diversas reclamações silenciosamente ignoradas pelo afamado físico. No ano de 1682, Robert Hooke se desligou da Royal Society, mas continuou a fornecer material sobre suas pesquisas que estudavam questões que iam da memória humana à análise de fósseis.

Cinco anos mais tarde, a perda de uma estimada sobrinha abalou profundamente os ânimos e a saúde de Hooke. Em março de 1703, um dos mais importantes cientistas britânicos faleceu cercado pela admiração e o reconhecimento de diversos integrantes do cenário intelectual de sua época.

Site

www.roberthooke.org.uk - A principal atracão é, sem dúvida, a reprodução de imagem e textos de Micrographia, em versão restaurada. O prefácio do livro está completo e as principais imagens estão

lá.

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